terça-feira, 3 de agosto de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
quinta-feira, 8 de julho de 2010
POEMA DE LEMBRAR
No petisqueiro,
Belinha guardava douradas bananas,
Rapadura dura e batida,
Mel de uruçu, de engenho
E farinha.
Do corredor miúdo, sentia-se
O aroma exalado pelo móvel
Mais cobiçado da casa.
À tarde, os tesouros, trancados à chave,
Eram retirados, em liturgia, e distribuídos
Em fartas porções.
Amava o cheiro das bananas
Amassadas e cobertas com açúcar cristal.
Já no fogão - para o jantar -
Arroz de leite, jerimum caboclo,
Bife de carne verde.
De sobremesa -
O beijo da minha avó.
No petisqueiro,
Belinha guardava douradas bananas,
Rapadura dura e batida,
Mel de uruçu, de engenho
E farinha.
Do corredor miúdo, sentia-se
O aroma exalado pelo móvel
Mais cobiçado da casa.
À tarde, os tesouros, trancados à chave,
Eram retirados, em liturgia, e distribuídos
Em fartas porções.
Amava o cheiro das bananas
Amassadas e cobertas com açúcar cristal.
Já no fogão - para o jantar -
Arroz de leite, jerimum caboclo,
Bife de carne verde.
De sobremesa -
O beijo da minha avó.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
terça-feira, 29 de junho de 2010
DE CAVALARIA
Me chegou um cavaleiro
De tristíssima figura ...
Cavalgava, cavalgava, cavalgava...
Tormento, amargo tormento.
Praticava um suicídio estético...
Esquizofrenia? Esquisitisse? Misantropia?
Delirava... delirava... delirava.
Melancolia, doce melancolia.
Me chegou um nobre
Em vestes rotas: sarna, escarlatina, tétano...
Olhos esbugalhados, quase uma múmia...
Feiúra, dilacerante feiúra...
Um tristíssimo cavaleiro
De amarga figura montado em jegue tropo –
Um leão combalido, destroçado,
Degladeando-se com ventos, espíritos, bruxas...
Espanto, azedo espanto.
Um fidalgo ao avesso
Usou adaga, espada, escudo
Era só uma armadura.
Feriu-me o peito sem adorar minha formosura...
Nenhum feito heróico...
Um patife travestido de doce figura.
Romance, hediondo romance.
Me chegou um cavaleiro
De tristíssima figura ...
Cavalgava, cavalgava, cavalgava...
Tormento, amargo tormento.
Praticava um suicídio estético...
Esquizofrenia? Esquisitisse? Misantropia?
Delirava... delirava... delirava.
Melancolia, doce melancolia.
Me chegou um nobre
Em vestes rotas: sarna, escarlatina, tétano...
Olhos esbugalhados, quase uma múmia...
Feiúra, dilacerante feiúra...
Um tristíssimo cavaleiro
De amarga figura montado em jegue tropo –
Um leão combalido, destroçado,
Degladeando-se com ventos, espíritos, bruxas...
Espanto, azedo espanto.
Um fidalgo ao avesso
Usou adaga, espada, escudo
Era só uma armadura.
Feriu-me o peito sem adorar minha formosura...
Nenhum feito heróico...
Um patife travestido de doce figura.
Romance, hediondo romance.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
A REDE
Todo o heroísmo, Ulisses, não vale uma trama
Desfeita no tempo da rede de Penélope.
Todo o teu heroísmo, Ulisses,
Sequer vale uma lágrima, uma angústia,
O sangue derramado dos dedos delicados
De Penélope.
Ondas do mar não valem lágrimas...
Ondas do mar destroem e constroem sonhos.
Lágrimas descem e molham os bordados de Penélope –
desbotando-os.
Todo o heroísmo de Ulisses não vale uma trama
Desfeita no tempo da rede de Penélope.
Todo heroísmo desfaz-se dentro das redes
Onde se debatem os peixes.
Fidélia Cassandra
Jaldes Reis
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